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Qual o papel da atividade manual no curso de Arquitetura e Urbanismo?

Hoje em dia as atividades acadêmicas para o curso de arquitetura têm se voltado muito mais para um produto digital do que algo físico. Sim, falo também da famosa maquete... mas não só!


Pensando nas experiências vividas em sala de aula existe uma certa tendência do aluno preferir as atividades digitais do que as manuais. Já ouvi várias vezes "para que gastar tempo e dinheiro para fazer uma maquete se eu rapidinho faço um 3D e fica muito mais bonito?”


Então hoje queria falar um pouquinho sobre MAQUETE.


Vamos lá... primeiramente uma perguntinha: qual o propósito de sua maquete?

Existem vários tipos de maquete, mas basicamente temos os seguintes tipos:


1 - Maquete de estudo, onde mostra o esboço de algum projeto ou elemento, com objetivo de melhorar a compreensão da proposta, escala, proporção, fluxos etc;

Maquete de estudo

Fonte: http://www.zeppelini.com/projetos/casas/casa-kristiansen-ii


2- Estudo de caso, onde você elabora um modelo de um projeto já existente e o utiliza para estudar sua dinâmica, como no caso de trabalhos acadêmicos, TFG, ou na vida profissional mesmo, quando você finaliza o projeto e quer melhorar sua compreensão por parte do cliente.


Maquete de estudo da Casa das Canoas – Oscar Niemeyer

Atividade dos alunos de arquitetura e urbanismo 3º ano - 2017

Acervo próprio


3 - Maquete de vendas são aquelas bonitonas que a gente vê nos stands de construtoras que são super bem elaboradas e detalhadas, com luzes e até movimento! Essa serve para encantar o espectador e, além de trazer entendimento para o projeto como um todo, faz você se visualizar naquele contexto e, no caso, comprar um apartamento, casa, etc...


Maquete de stand de vendas Fonte: https://halonotoriedade.com.br/stand-de-vendas-5-dicas-poderosas-para-vender-mais-empreendimentos/


Então, a dica que eu dou é: tenha em mente com bastante clareza o OBJETIVO da sua maquete. O que eu via muito em sala de aula é que quando se pedia maquete de estudo, que é mais simples e para manuseio, virava um concurso de quem trazia a maquete mais impressionante, cheia de salamaleque, que dava até medo de encostar e que não tinha a menor viabilidade para estudo. Aí você mostra para o aluno que precisa fazer alteração no projeto e o que eu ouvia?


“Entendi prof, mas não vou mudar porque a maquete já está pronta”

Bahhh... dá aqueeeele desânimo.


Professor no momento em que o aluno diz que não vai corrigir o projeto porque já fez a maquete.


Vamos lá, entendendo os processos:


1 - a maquete de estudo deve sair meio que junto com o processo das plantas e cortes, pois ajuda muito na elaboração do projeto como um todo. E dá para ser bem basicona, papel sulfite... para isso procure o livro Maquetes de papel que vai estar referenciado no final do texto.

Se você assistir a algum vídeo ou documentário de algum star architects falando, 90% das vezes vai aparecer uma maquete de papel sendo manuseada no para explicar o processo criativo. Ou uma maquete bem simples no centro da mesa onde se reúnem toda a equipe do projeto... Nada de digital...


2 – depois que você já tem algo mais definido você estrutura melhor sua maquete, coloca as aberturas (se você tiver acesso a um Heliodon[1] para estudo de insolação, agora é a hora) e NUNCA se esqueça de fazer a maquete do entorno direto, para estudar volume, proporção, relação com o entorno e impacto de vizinhança. Lembre-se que seu projeto não afeta somente da divisa para dentro do terreno, ok? Nesta etapa ainda cabem alterações e ajustes, então não gaste todo seu rico dinheirinho agora.


Heliodon

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=wjKwdvAp1Ls


3 – Depois de o projeto finalizado, revisado, decidido e sacramentado, você faz a maquete bonitona. Eu gosto muito daquelas mais conceituais, mas a escolha da técnica de representação, de novo, tem a ver com o seu propósito com a maquete.


E mais uma dica: maquete eletrônica é sim muito importante para a compreensão do projeto, principalmente na parte interna e questões de revestimentos... mas a maquete física é ainda, ao meu ver, essencial. São coisas complementares.


E isso serve para projetos na faculdade, TFG, TCC, vida profissional, etc.


Vou colocar aqui uma referência de um livro espetacular neste sentido, Maquetes de papel, pelo saudoso Paulo Mendes da Rocha.


No próximo post iremos falar sobre outros tipos de trabalhos manuais e outras abordagens de maquetes porque sim, existe mil e uma utilidades para as queridas maquetes físicas!


A dopo!


Referência:

ROCHA, Paulo Mendes da. Maquetes de papel. Cosac&Naify, São Paulo SP. 2007.


[1] Heliodon é um equipamento utilizado para simular o movimento aparente do Sol, em qualquer local da Terra, para ajustar o ângulo entre uma superfície plana e um feixe de luz e assim combinar o ângulo entre um plano horizontal em uma latitude específica e o feixe solar. Heliodons são usados por arquitetos e estudantes da arquitetura, além de outras áreas e profissões. Colocando-se um edifício modelo (maquete) no heliodon e fazendo incidir sobre ele uma fonte luminosa, conforme os ângulos solares, o observador pode ver como o edifício se comporta em relação ao Sol em várias datas e horas do dia.(Fonte: Wikipedia)

3 comentarios


Adorei a matéria!! Amo fazer maquetes e conhecer um pouco mais desse conceito vai ajudar muito na hora de colocar em prática. Foi ótimo saber os tipos e o objetivo de cada uma, assim fica mais fácil de escolher o estilo ideal. Obrigada professora!


Beijos.

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biraschetener
13 sept 2022

Show professora, vai dar aquele empurrão para o Tfg, adorei a matéria, e de como gosto dessa parte kkkkk maravilhosa profissão a arquitetura, grande abraço

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Analu Cadore
Analu Cadore
13 sept 2022
Contestando a

Graaande Bira! Você tem uma ótima mão para maquetes e trabalhos manuais! Vai caprichar, tenho certeza! Se precisar de ajuda, me escreva! Abração!!!

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